Solitude

Solitude
À beira do Rio Negro...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Capitulação



Capitulação

A cruzada é  solitária
Com tantos inimigos
E tão poucas armas,
Com suas lâminas sem fio
Como palavras gastas
Por mentiras e desonra.

E quando mesmo aquela ira
Já não é mais santa
O perdão se apequena,
O ódio se agiganta.

E o Tempo ruge
E encurta o horizonte
Retiro o elmo
Dispo-me dos sonhos
Ofereço minha fronte...


Manaus, 2 de janeiro de 2017


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Em suspensão...







Amor no limbo

          Caminhando
          Nas fronteiras da espera
          Amealhando lembranças,
          Vagas perdidas na neblina
          Onde se dissipam os sonhos.

          Navegando
          Por oceanos de quimera
          Descartando esperanças,
          Remotas ilusões nas retinas
          Gélidas paisagens que suponho.

          Inventando
          Brechas no Tempo, eras.
          Escavando bem-aventuranças,
          Carícias represadas, malinas.
          Suspensões, interlúdio medonho.

Manaus, 16/09/2016

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A procurar...




Simulacro

Escrevo versos que te procuram,
Por caminhos que imagino vastos
Compondo valsas, 
Veredas, desenganos,
Dissimulando passos
Nos falsos atalhos que me imponho.

Mas sei que tudo é passado

Não mais existem os teus rastros
Só poemas sem palavras,
Canções sem melodia
E a impressão cruel
De que sempre foste apenas sonho.


Manaus, 01/09/2016

sábado, 13 de agosto de 2016

Quando tudo está no passado...





Exílio

Hoje tudo é saudade,
Tudo é sombrio
E o ódio
É em verdade um sentimento frio.

Emaranhado em lembranças
Olho no espelho
O meu olhar vazio
A procurar pelo Tempo
Num espaço de tempo, o desvio.

Onde a vida perdeu seu rumo
E a esperança perdeu seu fio...

Manaus, 13 de agosto de 2016

sexta-feira, 30 de março de 2012

Bodas de 24 anos...




Bodas

Agora que sei que existes,
Beliscado na saída dos meus sonhos,
Perdoo a todos que o fazem em outra forma,
Que não a tua...

És para mim um buquê de desmesuras
Que o amor me veda comparar,
Como o sem fim no tempo,
Ou o sem limite no espaço.

Resignado, aceito a ti
Como a uma sentença de amor
Brotada duma falha do destino,
Perpetuada por pura inocência:
Teimosias de um coração menino...

Itatiaia, 30 de março de 2012

sábado, 27 de agosto de 2011

"O inferno é o outro", dizia o filósofo francês Jean-Paul Sartre




Inferno Preferido

Assusta-me o procurar-me
E o perder-me em ti
E o encontrar-te fora de mim
E o compreender-me incompleto
Ao buscar-me em ti quando me faltas.

Entristece-me o desconhecer-te em mim
E o saber-te nunca meu paraíso,
Ao afastar-te como outro, o que me nega
Distanciar-te infinita em meu desejo inatingido,
Sentir-te para sempre meu inferno,
E mesmo assim adorar-te,
Eternizar-te, meu inferno preferido.

Manaus, 14 de janeiro de 2004.

domingo, 21 de agosto de 2011

Passeando no Tempo...




De Mãos Dadas


Se nos encontrássemos,
Qualquer dia,
Deixaria, sem receios,
Que ao teu sabor me conduzisses.
Caminharíamos de mãos dadas
Não por ruas novas
Ou por outras já sabidas
Mas por passeios recriados,
Nossos recantos eternos no Tempo
Espaços quase esquecidos
De tão bem guardados.

Nenhuma palavra seria ouvida
(Apenas os olhos falariam)
Seríamos apenas silêncio e ternura
Como canto de fora pra dentro,
Canção sem palavras
Solfejos que os corações murmuram.

Se nos encontrássemos,
Qualquer dia, ou mesmo
Numa falha qualquer do Tempo
Deixaria, sem receios,
Que me desviasses o caminho.
Navegaríamos as longas noites
Que mantive em suspensão
Em sentido ao contra-senso
Voltaríamos de mãos dadas
Ao que não existe mais então...


Manaus, 2008