Para minha mãe...
Tu, que corrias inocente pela casa
Levando contigo a tua parte em meus segredos
Brincavas com as formas no barro,
Moldavas a mera suposição
Que nem mesmo eu era ainda.
Tu, que jogavas pedras no rio,
Que sonhavas com desenhos em espiral
E guardavas desde sempre
Os primeiros passos do meu caminho.
Tu, que quando te cortavas,
Deixavas, imprudente,
Que de ti escorresse o nosso sangue
Que se misturava à poeira da nossa estrada.
Tu, a mesma menina
Que me arrebataria do nada,
E me condenaria à existência
Soltando-me às feras reais
Eu, um menino feito de fantasias.
Hoje tenho em meus braços
A menina que embalo para ti,
O novo passo do teu destino.
Devolvo-te por ela
A vida que me deste,
Vingança na sua mais linda forma.
E quando me vejo no espelho
Do teu olhar nos olhos dela
Percebo que o amor é cruel mas real,
E nossa vida é bela, mas apenas sonho....
Manaus, 6 de novembro de 2008