Solitude

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À beira do Rio Negro...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sobre um texto de Erich Fromm





“(...)Se uma pessoa ama apenas uma outra pessoa e é indiferente ao resto dos seus semelhantes, seu amor não é amor, mas um afeto simbiótico, ou um egoísmo ampliado.(...) De fato, acredita-se mesmo que a prova da intensidade do amor está em não amar ninguém além da pessoa “amada”. (...)Tal atitude pode ser comparada à de alguém que queira pintar mas, em vez de aprender a arte, proclama que lhe basta esperar pelo objeto certo, passando a pintá-lo belamente quando o encontrar. Se verdadeiramente amo a alguém, então amo a todos, amo o mundo, amo a vida. Se posso dizer a outrem, “Eu te amo”,  devo ser capaz de dizer: “Amo em ti a todos, através de ti amo o mundo, amo-me a mim mesmo em ti”.

Erich Fromm in “A Arte de Amar”




Amor Errado



Amaria a qualquer ser
Que a ti fosse semelhante
(Semelhança pálida que fosse)
E não lhe seria indiferente jamais
Se tu não fosses tão diferente
E fossem todos tão iguais...

Daria a qualquer um o meu afeto
Como num contágio simbiótico
O mundo e o meu amor errado
Egoísmo revisto e ampliado
Não fosse o meu querer por ti apenas
Algo mesquinho, inútil, abjeto...

Aprenderia a arte de amar,
O amor mais que perfeito
Se meu amor fosse o sujeito
E se tu fosses o objeto
Explícito, cristalino, direto
E não verbo intransitivo irregular

Então, apenas proclamo: Te amo!
E se esse é o amor errado
Deixarei de lado
A mesmice do mundo e seus iguais
Amarei a ti somente
Pintarei o somente belo que há em ti
Aguardo apenas os teus sinais...

 Manaus, 31 de março de 2003.

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